Publicado por: Bru | Outubro 23, 2009

Mestre de Madureira

Mais de 500 músicas suas já foram gravadas por diversos intérpretes. É afilhado musical de ninguém menos que Beth Carvalho. Foi responsável pela popularização do banjo no samba: Arlindo Cruz é um dos compositores mais respeitados do cenário musical brasileiro. Desde mestres, como Almir Guineto e Alcione até os mais recentes aspirantes a sambistas – falo de Maria Rita e Marcelo D2 – se renderam ao talento desse típico carioca.

A intimidade de Arlindo Cruz com a música começou cedo: aos sete anos, já aprendia cavaquinho com o pai e, aos doze, violão com o irmão, Alcyr Marques. Estudou durante dois anos teoria musical, solfejo e violão clássico, na escola Flor do Méier.

Nessa mesma época, realizava rodas de samba com diversos artistas, dentre eles Candeia, considerado pelo próprio Arlindo um padrinho musical. A parceria dos dois rendeu seus primeiros discos, inclusive “Roda de Samba” que hoje pode ser encontrado em CD.

A maturidade musical de Arlindo vai ser desenvolvida no início dos anos 60, quando o compositor passa a freqüentar o Cacique de Ramos. Para os menos informados, Cacique de Ramos é um bloco de carnaval, localizado no bairro da Olaria, na zona norte do Rio. Todas as quartas-feiras, músicos como Jorge Aragão, Beth Carvalho, Beto sem Braço, Ubirani, Almir Guineto, Zeca Pagodinho e Sombrinha faziam rodas de samba memoráveis. As composições de Arlindo passaram a ser reconhecidas por todos esses mestres, e, logo no primeiro ano de Cacique, doze canções suas foram gravadas.

Sua história com o Fundo de Quintal teve início quando Jorge Aragão saiu do grupo para seguir carreira solo, em 81. Nos doze anos da participação de Arlindo Cruz, diversas composições marcaram a história do samba, como: “Só pra contrariar”, “Seja sambista também” e “Primeira dama”. Em 1993, ele e Sombrinha seguiram os passos de Aragão e foram tentar o sucesso por conta própria. Porém, em 1996, os dois músicos lançaram o álbum “Da música” em conjunto. Somente seis álbuns depois, essa parceria – uma das mais consagradas do samba – chega ao fim e eles de fato seguem carreira solo.

Desde os anos 90, Arlindo disputa eliminatórias de samba enredo em escolas de samba. Na verdade, praticamente em todas as vezes, disputou na Império Serrano (sua escola do coração), onde venceu sete vezes. Somente em 2008, concorreu – e ganhou – na Grande Rio com o samba: “Do verde de Coarí vem meu gás, Sapucaí!”.

O último álbum de inéditas foi “Sambista Perfeito”, lançado em 2007.  A MTV realizou um Ao Vivo em abril desse ano, reunindo seus sambas mais clássicos como: “Meu lugar”, “Bagaço da Laranja” e “SPC”. Conta com participações de Marcelo D2, Beth Carvalho e Zeca Pagodinho. Vale conferir!

Aqui embaixo vão os vídeos das minhas favoritas: “Meu lugar” e “Chegamos ao fim”.

Site oficial: www.arlindocruz.com.br

Publicado por: Bru | Outubro 19, 2009

Homens Emplacados

Como é o dia-a-dia desses homens, representantes de uma das formas de mídia mais baratas, que povoam as ruas paulistanas

O dia começa cedo para o ex-agricultor Francisco Pereira Barros: acorda às cinco e meia da manhã para chegar pontualmente no que ele mesmo chama de “bico”. Pega um ônibus e um metrô para ir de sua residência – localizada no Jardim da Conquista, em São Mateus – até a Praça da República. Ao chegar, entra na loja para qual trabalha e “veste” duas placas de compensado, uma voltada para frente, outra às suas costas. A partir dali ele deixa de ser o cearense que veio tentar a vida em São Paulo no ano de 1999. Não é mais o aposentado de 63 anos. Quando começa a trabalhar, torna-se apenas um anúncio: “Compro ouro, brilhantes e prata”.

A figura do homem-placa tornou-se comum aos olhos paulistanos, principalmente entre aqueles que transitam no centro da cidade. A maioria dos que exercem esse tipo de função são homens, aposentados e só fazem isso para complementarem a renda que já possuem. O mato-grossense Jurandir Nelson, de 59 anos, anunciava: “3X4 e Xerox”. Sentado em um banquinho, no Viaduto do Chá, conversando com outros “placas” conta que é novo no negócio: “Estou aqui há um mês, um mês e meio. Antes trabalhava na construção civil. Ganho 20 reais por dia”. Já Francisco, que ganha o mesmo valor, acrescenta: “Às vezes a gente ganha uma comissão, se leva a pessoa que quer vender o ouro até a loja. Mas não tem muita procura, né? Tem muita gente com a placa de ‘compro ouro’”.

Em 2007, esse emprego informal ganhou até uma homenagem do cineasta argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco. Na 31ª Mostra Internacional de Cinema, a vinheta que antecedia cada película era encenada pelo próprio diretor de Pixote, a lei do mais fraco encarnando o papel do homem-placa, que ao invés de fazer propagandas comuns, anunciava o festival. A idéia era associar a Mostra a “uma garimpagem de ouro e preciosidades culturais para a cidade”.

A história dos homens-placas é mais antiga do que pensamos: as primeiras aparições dessa figura remontam à Paris, nos finais do século XIX. Só que com uma diferença: eram mulheres as representantes do ofício. Segundo o mestre em comunicação e semiótica da PUC-SP, Rodrigo Sanches, em sua pesquisa Do homem-placa ao pixman: o processo iconofágico da relação imagem, mídia e corpo: “Trata-se de uma mídia barata, mambembe, com a mobilidade de um corpo em cujo rosto se estampa o cansaço e a falta de perspectivas”.

O rosto do viúvo Manoel da Silva denuncia esse cansaço trazido pela profissão. Morador do CDHU de Carapicuíba, o pedreiro desempregado de 58 anos demora cerca de duas horas para chegar ao centro de São Paulo, onde anuncia a compra de ouro. “Faço esse bico. Eles me pagam uns 25 reais por dia. Melhor que ficar parado né?”. Curioso ouvir isso de um homem que é também uma placa.

Publicado por: Bru | Outubro 9, 2009

Meu mundo à parte…

Desde que entrei na faculdade de jornalismo, tinha prometido a mim mesma: vou criar um blog. Apesar de ter demorado quase dois anos, aqui está!

A dificuldade em criar o blog estava na escolha do nome. Nunca achei um bom o suficiente. “No mundo à parte” (que por sinal, nem é tão bom assim) surgiu em uma conversa com as boas e velhas amigas da faculdade. Aquelas amigas que sempre dizem que eu vivo em outro mundo, vinte minutos atrasado do planeta regular de todos os outros.

Enfim, aqui vocês encontrarão um pouco de tudo que eu gosto: música, cinema, reclamações e algumas divagações sem sentido …

Agradecimentos especiais a sté concistre, por me ajudar a mexer com essa merda maravilha chamada tecnologia…  aprenderei a lidar com o tempo!

Divirtam-se…

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